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Sobre mim

Meu nome é Giovanna e tenho 21 anos. Sou formada técnica em mecânica pelo Instituto Federal de São Paulo e atualmente curso Bacharel em Ciência e Tecnologia pela Universidade Federal do ABC, junto com Neurociência e Engenharia Biomédica. 

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Ressignificando: O futebol do Saints sobre New Orleans

  • Writer: Giovanna Sociarelli
    Giovanna Sociarelli
  • Jan 31, 2021
  • 5 min read

Esse é o primeiro texto do site e, para iniciar com tudo que eu quero desenvolver aqui, nada melhor do que o quadro “Ressignificando”: uma série de textos em que o time de futebol americano será conectado com a cidade onde ele reside, mostrando a história que, por muitas vezes, é esquecida em meio à análises e estatísticas. Assim, você encontrará por aqui um lado ultra importante do futebol: o humano.

Para a construção dessa matéria, pude contar com a participação de pessoas muito especiais e que são velhos conhecidos da Who Dat Family, justamente por cobrirem o Saints: Jeff Nowak, escritor do NOLA.com e John Butler, escritor do canalstreetchronicles.com. Além de uma reportagem incrível do Clint Smith, escritor do theatletic.com.


Fonte: Getty Images.

New Orleans é Saints

Quando se pensa em times da NFL, uma das franquias mais significativas para a cidade em que reside é o New Orleans Saints. Chega a ser difícil colocar em palavras o que esse time significa para essa cidade, principalmente na era pós Furacão Katrina, que marcou a história de ambos para sempre.

O ano era 2005, o Katrina ganhou velocidade máxima quando atingiu essa cidade pequena e humilde do sul dos Estados Unidos. O desastre foi total: mais de 1800 pessoas faleceram, além de tudo ter sido completamente arrasado. Aqueles que não conseguiram evacuar a tempo ficaram sem nada, gerando mais de 35 mil desabrigados, completamente abandonados pelo governo americano.

O atual Mercedes Benz Superdome, estádio da franquia, foi a casa desses moradores que estavam sem teto. Os estragos do furacão tinham ido muito além do físico, o psicológico dessas pessoas foi tão afetado quanto todo o restante. Uma população sem nada material, sem perspectiva de futuro, sem alegria e completamente abalada.

Entretanto, são nos momentos de lutas que os grandes heróis se formam e o time é um deles. Em 2006 chegava a mudança, a revolução. Mais um dos movimentos mágicos de Mickey Loomis, GM da franquia desde 2001, trouxe Sean Payton para ser o novo Head Coach. Juntos, contrataram Drew Brees, um quarterback baixo e desenganado, mas que dedicou a sua força dentro e fora de campo para reconstruir o time e a cidade.

Esse foi só início do rebuild. Qualquer semelhança não é mera coincidência: o time e a cidade tiveram que passar por reconstrução juntos. Uma história marcada por muita resiliência, seja treinando todos os dias ou, como o próprio Brees, colocando a mão na massa para ajudar a reconstruir as casas. Desse relacionamento de mão dupla, nasceu um momento de vitórias, partindo já do “rebirth” – como ficou conhecido o jogo entre Falcons x Saints que reinaugurou o Superdome. Um dia extremamente simbólico para qualquer torcedor de NOLA, tanto que a estátua na frente do estádio é justamente do lance mais famoso da partida: o punt bloqueado por Steve Gleason, que foi retornado para touchdown.

Pode até parecer bobagem para alguns, mas o Saints ensinou a essas pessoas que é possível levantar dos tombos que a vida nos dá e sermos vitoriosos mesmo assim. Por muito tempo o estádio lotado pulando e gritando “who is gonna beat the Saints” foi perspectiva de normalidade perante o caos, foi a força de que todos precisam. Hoje, essa torcida é ligada de alma e coração com o time. Parafraseando Brees, quando você abraça NOLA, NOLA te abraça de volta.

Nas palavras de Jeff Nowak sobre a relação cidade-time: “não é algo tangível que você possa apontar, mas há sempre algo valioso trazido por uma comunidade unida como o Saints é. Isso é verdade em outros lugares, claro, mas uma cidade que teve de lidar com o que New Orleans teve... aquele time se tornou o farol de luz para que todos possam olhar com importância”.

Além do time mostrar em campo que é possível seguir em frente, John Butler acrescenta sobre suas ações fora dele: “muitos jogadores são ativos e se esforçam em caridade, seja estocando comida, em contato com a comunidade ou coisas do gênero. Os jogadores e gestores do Saints são visivelmente generosos”.

John ainda acrescenta mais um fato para explicar a ligação que possuem: “é uma cidade pequena. Lugares como New York e Los Angeles são tão grandes e possuem tantos outros times de outros esportes, o que faz com que não ocorra essa devoção de cidades menores – como Kansas City ou Buffalo. Adicionando isso ao fato de que não há times profissionais de baseball ou hockey, Saints é um tópico discutido 12 meses aqui”.

COVID-19

Seria impossível pensar em uma ligação tão linda sem imaginar o que a pandemia deixou de rastros por lá. Em seu texto, Clint Smith descreve o Superdome como “soou como um trovão, mas parecia o paraíso”. E, definitivamente, essa foi a melhor frase que já encontrei para descrever esse efeito.

Um estádio fechado de acústica impressionante que é capaz de receber 74.295 pessoas. O som é tão marcante que, naquela fatídica NFC Championship de 2018, Jared Goff não conseguia ouvir as chamadas em seu ponto eletrônico no capacete. A pandemia tirou da torcida a possibilidade de ensurdecer seus adversários e em silêncio o Superdome recebeu os últimos jogos. Um silêncio de dor daqueles que não puderam apoiar o time que tantas vezes já esteve lá fora pela torcida, entretanto, um silêncio com olhar de empatia, tudo por um bem maior. Quando perguntei ao Jeff sobre isso, sua resposta foi sentimental: “New Orleans é uma cidade mais fantasma do que você espera – especialmente agora que é carnaval e os desfiles não são permitidos. Mas isso também é difícil porque a indústria de serviços é o modo de vida aqui e é o que foi mais impactado. As pessoas estão lutando, mas se você acha que a derrota nos playoffs é a pior coisa que elas estão passando, você acertou”.

Esse relato já retrataria bem o cenário da cidade nesse momento pandêmico. No entanto, isso não é tudo. A torcida ainda tem que lidar com o fato de que essa pode ter sido a última temporada de Brees e, como diz um amigo meu, isso é algo que nunca vou superar. Inclusive, é algo que Jeff reforçou:

“você consegue imaginar quão barulhento estaria com Brady aparecendo no que pode ser o último jogo do Brees? É algo que nunca responderemos, mas… de todas as coisas frustrantes do fim da temporada do ponto de vista do Saints, a maior pode ser a carreira de Drew terminando sem a multidão que ele merecia”.

A palavra que pode definir essa torcida é resiliência. Não importa quão ruim as coisas fiquem, nada pode derrotar New Orleans e, consequentemente, o Saints. É sobre amor? Sim. É sobre paixão? Sim. Mas é também sobre algo muito mais profundo: união. Nada será capaz de fazer nenhum dos dois abaixar a cabeça enquanto estiverem unidos. É sob a escuridão que nasce a luz e que o dourado possa seguir guiando esse povo amado.

“A luz do dia nasce para nos lembrar que após a escuridão, nós também podemos brilhar”. Felipe Magister.




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